segunda-feira, 11 de junho de 2007

Trabalho para a revista Estética Viva


Esta foi uma produção especial e gratuita que fiz para a maior revista de Estética Nacional. A oportunidade foi-me dada pela directora Patrícia Bandeira e trabalhei com o fantástico fotógrafo Paulo Neto e a Miss Cabo Verde no estúdio de fotos do prestigiado Carlos Ramos. A intenção da Produção era criar o Glamour dos telediscos de Hip-hop e Soul Music da actualidade (influências tipo: cantora Beyoncé). Guarda-roupa do estilista Paulo Araújo.



















consultar:

Produção para a Ana


Eu


Curiosidades

-Desde pequenino que o meu interesse pelo teatro e maquilhagem crescia imenso. Um dia fui para a escola com máscara (rímel), já dava esepectáculos de teatro e dança para os vizinhos e comecei por desenvolver técnicas e prática durante os carnavais quando me transvestia e me confundiam sempre com uma “moçoila” e levava muitos piropos.

- A minha paixão foi sempre o cinema em especial o de terror pelos efeitos especiais (monstros, sangues, queimaduras, vampiros) e pelos musicais e outros clássicos onde me apaixonei muito cedo pela Marilyn Monroe e todo o seu glamour. Olhar para ela transportava-me para outro mundo de fantasia- seria isso que um dia mais tarde eu gostaria de fazer. Fazer as pessoas mais belas, e imagens que nos afastassem da crua realidade da vida.

- Fui estudar Cine-Vídeo para a E.S.A.P ( produção e realização de cinema e vídeo). Já aos meus onze anos de idade tinha pedido uma máquina de filmar super8 e fazia curtas com amigos. Ao longo do curso fui tendo Workshops com Profissonais estrangeiros que íam lá à escola ensinar efeitos especiais de maquilhagem e outras técnicas. Aquilo mexeu comigo. Já fazia as maquilhagens dos meus filmes e era muito requesitado pelos meus colegas para fazer o mesmo. Esse foi o empurrão para mais tarde ír para a Complections, em Toronto.

- Sabia que quando fui maquilhar e retocar a cantora Sara Tavares para o vídeo-clip “Balancé”, a cantora e o realizador persuadiram-me a dançar e fazer o playback da musica em frente à câmara de filmar. A verdade é que as imagens foram usadas e sou um dos primeiros que aparece a sorrir e a dançar nas imagens do vídeo. Um vídeo excelente e longo dia de filmagens bem passado. A Sara não parou de tocar na sua viola e de cantar ao vivo para o pessoal. Ela é 5 estrelas! Persuaridam também um assistente de câmera a entrar. E os dançarinos e amigos dela, que curte. Que talentos!

- Sabia que em Portugal NÃO se dão oportunidades de trabalho e que só se entra neste mercado de trabalho por cunhas? Decerto que já se apercebeu disso. Especialmente em editoriais de moda, para as diferentes revistas de moda os Maquilhadores são sempre os mesmos e que as revistas são reticentes a dar oportunidades a novos talentos, o que mostra que a nossa sociedade “tão fashion” é preconceituosa e recusa-se a dar oportunidades de trabalho aos novos maquilhadores. Convém ser sempre persistente e nunca desistir dos nossos objectivos e sonhos.

Desde que completei o curso tenho mandado Currículos há mais de 9 anos, e aínda só tive uma proposta e um trabalho para a revista Estética Viva. E acreditem que que já trabalhei para a televisão (Rtp1, RTP2, RTP Africa, Tvi –pela F.T.S) e já fiz Publicidade onde me deram logo a primeira oportunidade sem me conhecerem pois era novato. Foi o Sr. Francisco Saalsfeld que apostou em mim logo no ínicio e até pagou sem muitas queixas os 60 contos que lhe orçamentei.

-Hoje em dia os trabalhos de maquilhagens para Publicidade já não são bem pagos. Não se deixem enrolar com as desculpas normais de há menos clientes para Pub ( que também é verdade, mas não cabe a nós maquilhadores fazer trabalho de produção), e que sim, a vida está díficil, estamos na era das vacas magras, mas temos de ter confiança e não nos deixar-mos enrolar.

- Se pensarem trabalhar para a televisão, cinema, moda, sejam profissonais, muito prestáveis, educados, ajudem no que fôr preciso mas exijam respeito e um tratamento correcto. Desculpem, lá os produtores que estejam a ler isto mas já trabalhei com muitos profissionais e os melhores foram Paulo Neto (fotógrafo), e os alunos da Universidade Moderna da curta do Gonçalo Pamplona “Freddy” com actor veterano Luís Mascarenhas. Foi um trabalho de equipa perfeito em termos de humanismo, companheirismo e onde havia um diálogo e troca de ídeias e respeito entre o realizador, o argumentista, a anotadora e assitente de produção. E aínda estão agora a começar.

-SE TIVEREM INTERESSADOS EM TRABALHAR EM TELEVISÃO, que é o mundo mais cão e falso quanto a mim. Existiu inveja por parte de colegas de trabalho, e por vezes o tratamento não é dos melhores. Falta muita comunicação entre os produtores, realizadores ou do Key Make-up artist com o resto da sua equipa de maquilhador (em acertos e pormenores de trabalho, e.t.c) No estrangeiro fazem-se reuniões para discutir a imagem dos actores/apresentadores e depois tem que haver uma boa relação entre a equipa não só colegas maquilhadores, cabeleireiros mas também a equipa técnica (sobretudo o iluminador).

A iluminação é muito importante e em Portugal as pessoas aínda trabalham sózinhas na televisão. Os maquilhadores para um lado e os técnicos para o o outro, sem nenhuma comunicação ou troca de ídeias quanto o que se poderá fazer para melhorar a imagem dos apresentadores ou actores. E enquanto estive na televisão, senti que o meu trabalho era admirado e respeitado pela minha querida Ana Sousa Dias do programa da Rtp2 “Por outro lado”, pela Serenela Andrade “ A roda da sorte”, o Galiano do “Kandandu” RTP África e toda a sua maravilhosa equipa, mas tive más experiências com Personalidades como a Modelo/Apresentadora e agora actriz Marisa Cruz, que me humilhou em frente da equipa por não conhecer o meu trabalho, por pura arrogância ou porque simplesmente não queria ser maquilhada por mim. Neste caso tive que ter muita calma e ser muito educado, e tentar ouvir e perceber como esta Srª queria ser maquilhada, dando-me imformações detalhadas, mas criticando constantemnte o meu trabalho ( num processo de maquilhagem que normalmente dura 15 min ou menos mas que devido à sua personalidade difícil ou má disposição naquele dia- que não é desculpa- dificultou o meu trabalho e atrasou toda a equipa que estava à nossa espera.) O mais engraçado, é que a assintente de produção estava a assistir a tudo e não procurou acalmar a “estrelinha” do pequeno ecrã. Não sei o que faz uma equipa supostamente profissonal, quando não tenta ajudar um colega numa situação complicada. Mas tudo correu bem, no final com a minha calma e boa vontade. Só não gostei depois da hipócrisia dela que veio para o camarim falar comigo e com a cabeleireira como se nada tivesse acontecido. Aínda estava ela grávida na altura. Mas já a apresentadora Helena Ramos que já deve fazer televisão há mais de quarenta anos teve o mesmo tipo de comportamento, e um maquilhador profissional tem que saber lidar sempre bem com este tipo de situações. Se ela tivesse aprendido com a atitude profissional da MelanieC ( ex-Spice girl), muito simples e relaxada, tinha servido à Marisa de uma grande lição.

Mas estava eu a dizer que não televisão o clima é um pouco stressante, embora eu adre sentir a adrenalina quando são programas em directo ou Galas como as que fiz para a TVI e a do Pirilampo Mágico para a SIC, NATAIS DOS HOSPITAIS RTP e TVI, Você na TV com Manuel Luís Goucha, e.t.c...

Uma vez fui contactado pela VIDISCO para fazer um vídeo-clip para a minha amiga cantora dos Morangos com Açucar, Sónia Oliveira do tema “O que houve em nós”, depois de acordar-mos o preço de 100 euros (que para a productora era um montante exagerado! Como exagerado? É o que vale o meu trabalho. Na verdade, até valia mais cá entre nós... mas eu estava na altura das vacas magras porque já estava há uns bons meses sem trabalho, porque tinha deixado de trabalhar para a Tristão - quem conhece a Fátima Tristão decerto que entende porque é díficil trabalhar para ela. ) Seguindo na história da VIDISCO... E para teream uma noção de como se trabalha em Portugal.
Aqui vai: Chegamos pontuais a um bar onde íamos filmar os interiores em Santos. Vamos almoçar com a equipa. O realizador diz-me que quer a Sónia cheia de glamour e a brilhar. A Gabi da Vidisco, pede que o trabalho seja uma maquilhagem simples. Duas versôes opostas. Fui pela do realizador. O Realizador não tinha um guião escrito nem um Storyboard com os planos que ía filmar. Montaram a Camara de filmar em calhas arranjaram a luz como quiseram. A Sónia chegou quase 3 horas atrasada ao local de rodagem, tive que aturar a pressão do realizador, da Gabi e só tinhamos duas horas para filmar. A Sónia abriu o olho durante a maquilhagem porque estavamos numa caa de banho apertada, e a falar e a gesticular é muito difícil para um maquilhador trabalhar. Estamos 4 pessoas, um a fazer o making Off, eu a Cantora e a Gabi a dar palpites. Algo correu mal e a Sónia entrou a maior parte do tempo a chorar e a atrasar a realização do vídeo. Coisas que acontecem. Foi a primeira vez vez que algo me tinha acontecido assim. Normalmente muitas pessoas choram dos olhos porque são muito sensíveis nessa àrea. Por isso é que as maquilhagens devem ser feitas em climas calmos, sem pressas, aínda mais que são coisas elaboradas e um trabalho muito cuidadoso e requer perfeição. Teve que ser adiado para um segundo dia a continuação do vídeo que resultou muito bem. Aínda não vi o produto final mas estamos em Portugal e a canção já saíu há mais de um ano e aínda não se viu o vídeo. Nem me deram uma cópia para o Currículo... Enfim...

Outra história engraçada que aconteceu com a mesma produtora para a qual maquilhei para um vídeo dos Irmãos Verdade, se não estou em erro e fomos com a mesma equipa para o Castelo de Óbidos. Mais uma vez os planos foram decididos à ultima da hora, pareceu-me a mim... que eles os decidiram quando lá chegaram. Perderam imenso tempo do dia a escolher as roupas que deviam vestir ( o mesmo acontecera com a Sónia), porque as roupas, cabelos e maquilhagens já deveria estar tudo acertado em reunião antes da realização dos videoclips.
Fiquei com muito má ídeia da maneira como se trabalha cá em Portugal, até porque escrevo guiões e sou muito pormenorizado nos planos de filmagem, Storyboard e detalhes de maquilhagem e guarda-roupa ( mesmo quando faço os meus própios filmes). Aprende-se muito quando se tira um curso de produção e trabalha-se com bons profissionais, mas depois, és confrontado com os que eu chamo”Os profissionais do desenrasca e vamos é lá despachar isto que queremos ir mais cedo para casa”, o que me choca brutalmente porque adoro trabalhar e faz-me confusão como não se aprende com os técnicos lá de fora. Ou mesmo com os produtos finais que não requerem grandes orçamentos mas que são vídeos apelativos e bem estruturados e que nos transportam para outros mundos.

As críticas que aqui faço são justas e vividas por mim, e tenho noção dos riscos que estou a correr ao denunciá-las. Acontece que neste país em pleno Séc. XXI acho muito “engraçado” que estas coisas aconteçam. Também queria avisar a todos que gostam de maquilhagem que se preparem porque no ínicio vai ter que estagiar sem serem renumerados, e, que em Portugal aínda não respondem às vossas candidaturas ou propostas de trabalho.

Lá fora isto não acontece. Pelo menos as pessoas têem a consideração e a atenção em responder. (mas sinceramente, acho que desde que as pessoas trabalham com o msn ligado, andam a trabalhar menos e um pouco mais distraídas e menos humanitárias e solidárias umas com as outras. )